Alou, braslemmers!
Acabei de pegar um trampo muito bom e me mudar para uma cidadezinha no interior (8000hab), então aproveitei esse desconto do governo pra comprar financiar meu primeiro carro, depois de anos de biketivismo, car-shaming e anarquismo cosmopolita metropolitano.
Queria muito um carro elétrico, mas minha nova cidade é tradicionalmente um lugar com enchentes que bloqueiam as muitas estradas de terra, então achei que poderia ser ingênuo e tolo pagar R$140000+ por um Kwid que amassa feito uma latinha de refrigerante e cuja bateria entraria em curto-circuito na primeira enchente.
Aí passei a me convencer, provavelmente falsamente, de que abastecer meu novo carro movido a combustão com etanol seria uma alternativa menos horrível ao materializar meus privilégios energéticos sobre a biosfera. Será mesmo? Alguém aqui tem carro e abastece com etanol? Sei que financeiramente não vale a pena, mas parece tão mais razoável abastecer com algo que está em um sistema cíclico em vez de uma mineração undirecional. Ainda assim, essas monoculturas parecem esgotar o solo e ter impactos ambientais horrendos. Será que precisa ser assim?
Vamos trocar uma ideia sobre o impacto ambiental dos nossos meios de transporte!
Como funciona esse processo de conversão de motor de moto para etanol? Dá pra fazer tanto em moto carburada quanto injeção eletrônica?
Em moto carburada é só aumentar o buraco dos giclês, ainda precisa afogador pra dar a partida, mas em manhã fria dá umas 2 ou 3 pedaladas sem força pra enxercar a agua, e então pedala com mais força (Não muita força, partida normal), aí pega, é só esperar esquentar uns 5-20s, depende do frio, aqui no máximo tem uns 18°C então 5-8s esquentando já dá, é o tempo de abrir portão, botar jaqueta, capacete, mochila e etc.
Tem gicle pra etanol a venda, digo, se vende gicle com furo variado, quanto maior o furo mais combustível sai, aqui uma noção de preço: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-2638308960-kit-gicle-baixa-e-alta-cg150-sport-_JM Pega o maior, seria 42 e 155 nesse caso, eles tem 0,42mm e 1,55mm nesse caso. Em moto 125 uso gicles se não ne engano 40 e 130, porque eram as brocas que eu tinha pra furar. Com gasolina faz 35km por litro (Com gicles originais), com etanol cai pra 30km.litro, mas a velocidade cai, gasolina vai a 90km/h, etanol vai a 80km/h, não é o fim do mundo, em cidade é rápido igual o resto (E minha moto tem mais de 20 anos).
Nos sistemas injetados, há um medidor de temperatura do ar, quando tá mais frio o motor precisa injetar mais combustível pro motor rodar normal, motos e carros são feitos até pra rodar em Ushuaia a -20°C, o jeito de um motor funcionar nesse frio todo é injetanto praticamente 40% a mais de combustível.
Então pra etanol funcionar em carros e motos injetados colocamos um potenciometro, aqueles botões tipo de volume giratório de rádio, em série com o sensor. O sensor é resistivo, vai de digamos 0 ohms até 5000 ohms, colocamos um potenciometro de 5000 ohms em série, e quando aumentando a resistência (Girando o botão) a central entende como se o ar entrando no motor estivesse bem gelado, aí ela aumenta a quantidade de combustível injetado. Em dias quentes na posição normal dá a partida, mas com motor frio gira o botão pra simular frio, dá a partida e anda, depois de 1 minuto pode voltar o botão pro normal. O ajude é feito escutando o motor na lenta, você gira ele até o motor estabilizar, não parecer morrer, a gente coloca o botão no painel mesmo, seja carro ou moto, dá pra escutar bem fácil, eu giro ele lá de vez em quando, tá numa posição que deve equivaler a uns 4-5°C, dou partida e ando assim, quando tá quente volto um pouco, mas quando vou desligar aumento de novo pra posição de frio, o botão tem graduação, é fácil ver em que nível está, em 2d você se acostuma em que posições deixar. Em moto no máximo em estrada as vezes precisa girar pra mais frio quando tem muito vento frio, nada que perca tempo, enquanto tá andando você ouve o ronco e nota que tá mais devagar ou rápido demais, aí você ajusta pra um lado ou outro.
Alias, em moto carburada é bom puxar uma espia e um cabo de aço do afogador até o painel, porque precisa afogar em toda partida fria, eu desafogo depois de andar uns 200m, em manhãs muito frias uns 500m, nada de mais, é um trocador de marcha de bicicleta no guidão, leva 0,1s pra soltar o afogador, ele é macio, não é adaptação difícil. Em carro com carburador precisa isso, eles tem afogador no painel por isso.